segunda-feira, 31 de março de 2014

A dor da ilusão


Na vida, acho que devem existir poucas coisas piores do que a ilusão.

Viver em uma realidade à qual não pertencemos só nos traz amarguras. Sonhar com algo que jamais alcançaremos não é dar ao coração alguma esperança, mas sim fazê-lo sangrar por sofrer seguidas frustrações.

E nós, Coxas Brancas, temos vivido a ilusão de que o Coritiba poderia voltar a ser grande, como já o foi nas décadas de 70 e 80. Desde 1989, temos nos agarrado com fervor aos salvadores da pátria que surgem, de tempos em tempos, prometendo nos devolver a autoestima e a dignidade como clube de futebol.

Assim, entra ano, sai ano, prolongamos um sofrimento que parece não ter data para acabar. Se, pelo menos, tínhamos os campeonatos regionais para poder gritar “É Campeão!”, agora nem isso temos mais. Nós, torcedores, ficamos reféns de aventureiros engravatados que se adonam do clube, bem como de jogadores sem alma cujo arroubo máximo de ousadia acontece não dentro das quatro linhas de um gramado, mas sim em uma carta à diretoria, que expõe muito mais o clube do que as pessoas que estão a matá-lo.

Pois eis que, exatamente quando eu discutia com um grupo de amigos o que significa o Alex para o Coritiba, surge o boato (até agora) de que ele irá anunciar o fim de sua carreira ainda nesta semana, em uma entrevista coletiva. Isso me faz pensar:

- Alex nos mantém (o Coritiba) em um lugar no qual, sem ele, seria impossível estarmos;

- não fossem os gols dele no Paranaense do ano passado, inclusive os dois na decisão, e nem o tetra teríamos ganhado;

-não fossem os gols dele contra os times cariocas no Brasileirão de 2013, só pra citar alguns, e já estaríamos na segundona.

Ou seja, com Alex, vivemos em um mundo ao qual não pertencemos mais.

Sem Alex, acordaríamos no submundo do futebol, onde já estão times que até fizeram graça no Brasil, mas que de lá não conseguem mais sair, tipo o Paraná e o Guarani...

Confirmada a notícia do fim da história de Alex no Coritiba, estará derrubada a ponte que nos dá acesso a um lugar onde não temos condições de estar. A dura realidade de ter um time formado apenas por jogadores bisonhos, que jamais estariam jogando a primeira divisão caso não atuassem em um clube dirigido por amadores aventureiros e mentirosos, estará escancarada da forma mais dolorosa possível.

Mas, quem sabe, sem termos mais no que nos agarrarmos, eliminado o último sopro de esperança que acalenta (e engana) nosso sofrido coração alviverde, talvez não tenhamos nosso sofrimento diminuído, por vermos eliminada da nossa rotina a ilusão?


E, já que a maior parte da torcida Coxa Branca, antes famosa por ser exigente, agora é dada a aplaudir jogadores medíocres, a criar movimentos “revolucionários” que só fazem ecoar o discurso mentiroso dos dirigentes, a apoiar uma organizada que se vende por benesses, e a aceitar de cabeça baixa todas as humilhações que nos tem sido impostas pelos dirigentes, quem sabe esse choque de realidade não seja como um bálsamo para aliviar a dor de esperar um amanhã que, quando chega, se mostra sempre pior do que o ontem?

Com Alex vivemos um sonho. Não o de títulos nacionais ou de uma possível volta ao rol dos grandes clubes. Mas sim o de ver com a nossa camisa um dos maiores jogadores da história do futebol, que, por conta de toda a sua genialidade com a bola, e de seu amor pelo Coritiba, nos deu ainda um tetra campeonato paranaense e uma sobrevida na primeira divisão do Brasileirão. E, anda que a notícia de sua parada não se confirme, ainda que tenha sido apenas uma “pegadinha”, vale pela reflexão e pelo choque de realidade que nos faz ter a certeza do quanto nos apequenamos, e do quanto insistimos em nos enganar, ao viver uma historia de grande clube que não é mais nossa, posto ter sido destruída pelos homens que se sucederam na direção do clube, e por todos aqueles que não apenas aplaudiram as suas decisões, como multiplicaram as suas mentiras.

Bem vinda, realidade...

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mpopini@yahoocom.br

domingo, 30 de março de 2014

A espinha dorsal de um defunto*

2013 foi um dos piores anos da história recente do Coritiba, dada a quantidades de vexames pelos quais passamos.

No regional, conseguimos perder pro Paraná Clube, em pleno Couto Pereira, e também pro sub porcaria do Atlético, em um estádio abandonado.

Na Copa do Brasil, fomos GOLEADOS pelo Nacional de MANAUS.

Na Sul Americana, perdemos AS DUAS pra um time amador da Colômbia e fomos eliminados de forma humilhante, vergonhosa, ainda mais se lembrarmos do discurso MENTIROSO de que a eliminação da Copa do Brasil havia sido “proposital”, para que pudéssemos concentrar forças no torneio continental.

No Brasileirão, escapamos do rebaixamento já na bacia das almas, na última rodada, jogando contra um adversário desinteressado, do qual os jogadores de ataque se colocavam em condição de impedimento várias e várias vezes, e saiam rindo, como se estivessem apenas brincando.

O fato é que Alex nos salvou no regional, com os gols da virada sobre o Atlético, na decisão, depois do FRANGAÇO do Vanderlei, e no Brasileirão, com os gols decisivos que anotou contra Fla, Flu e Botafogo, só pra citar alguns.

Em 2013 tivemos Alex, e seus 27 gols salvadores. E só. O resto foi tudo uma MER*A!

Fosse um time sério, o Coritiba estaria agora não falando em manter a base dessa desgraça de time que nos deu este ano humilhante, mas em reformular boa parte do elenco. Mas estamos tentando não apenas segurar o mesmo “time”, quanto piorar ainda mais o medíocre elenco que temos, ao especular o nome de um Zé Love da vida, mais um jogador ruim, que desde que deixou de receber as assistências de Neymar, no Santos, nunca mais conseguiu fazer gols, e passou a perambular por clubes da Europa, até, provavelmente, desembarcar em um clube em que sua ruindade se equivalha à de seus companheiros.

Não sei o que leva as pessoas a acreditar que mantendo o mesmo time teremos um futuro diferente da vergonha que foi este ano. Talvez seja a mesma cegueira estúpida que levou às bizarrices revolucionárias e coritibanistas, que nada mais foram que cortinas de fumaças que ajudaram a camuflar a nossa fragilidade. O FATO é que não dá pra sonhar com um 2014 DIFERENTE se fizermos tudo IGUAL a 2013.

Enquanto o mercado futebolístico se agita, o Coritiba segue chorando a sua miséria, contratando treinadores iniciantes e baratos, renovando com frangueiros e com velocistas que tentam aprender a jogar futebol, e procurando jogadores que aceitem jogar a primeira divisão a troco de banana. E tudo isso, novamente, com a anuência e os aplausos de um séquito de incautos que, ao que parece, cultuam o sofrimento e se enxergam como mártires.

Convém, pois, não jogar fora os discursos emotivos sobre a grandeza do Coritiba, nem sobre a injustiça para com a sua torcida apaixonada que “carrega o time nos braços”, pois eles serão necessários muito em breve. Está se oferecendo ao clube uma trégua da qual o clube não é merecedor, uma vez que ele sequer é capaz de sinalizar alguma mudança de postura, ou de emitir um sinal de que as coisas serão feitas de formas diferentes. E, se mantivermos a "espinha dorsal" daquilo que foi incapaz de nos erguer, certamente continuaremos a ser pisoteados, e humilhados.

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* Reedição da coluna publicada em 23/12/2013. E, para aqueles que acharem que é só mais um "eu avisei", um recado: continuem a aplaudir a nossa mediocridade; vocês também são diretamente responsáveis pelo fim do Coritiba.

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mpopini@yahoo.com.br


terça-feira, 11 de março de 2014

Humilhação sem fim


Quando Vilson Ribeiro de Andrade assumiu a presidência do Coritiba, encontrou o Coritiba na segunda divisão do Brasileirão, quase morto, humilhado por tudo e por todos.

Quatro anos depois, é muito provável que o presidente Vilson encerre sua gestão à frente do clube devolvendo-o para o Inferno da segundona, com o clube novamente sendo humilhado por não honrar seus compromissos, e de mãos dadas com os marginais da facção organizada que ele tinha prometido banir do Couto Pereira.

Até aí, nada de novo na vida do Coxa. Eternos ciclos de desespero, ressurreição, esperança, frustração e humilhação, que só comprovam a pequenez do Coritiba. O fato novo, desta feita, é ver um bando de jogadores pernas de pau servir de massa de manobra no sombrio cenário político alviverde.

Por mais besteiras que tenha feito o nosso presidente (e eles as fez, certamente), desde quando um bando de jogadores medíocres, da estirpe de um Robinho, de um Chico, de um Vanderlei, de um Júlio César, que estão apenas de passagem pelo clube, (até porque nenhuma outra equipe se interessa por essas nabas), tem o direito de se sentir parte importante da “nossa história de 104 anos”?? E quem será idiota de acreditar nesse papo deles de “clube que tanto amamos e admiramos”?

Vilson entregou as chaves do clube para Felipe Ximenes; este, por sua vez, trouxe um monte de porcarias para vestirem a nossa camisa, fazendo com eles contratos tão longos quanto absurdos; já esse monte de jogadores ridículos, descompromissados, que passam a maior parte do tempo no DM, e que foram humilhados por times amadores de Manaus e da Colômbia, mete os pés pelas mãos, ao dar um cunho político a uma reivindicação que até seria justa, posto terem sido chamados de “sem vergonhas” por quem não cumpria a sua parte como gestor. Segue-se a tudo isso um jogo covarde de segredos, vazamentos, política, “fontes”, desmentidos, caça às bruxas e falsos mártires.

Vilson Ribeiro não é melhor nem pior do que os presidentes que se sucedem no comando do clube desde a década de 80, exceção feita àquele que conseguiu o milagre de nos dar um título nacional (Evangelino). Os jogadores que temos no elenco mantêm o baixíssimo nível da maioria daqueles que têm vestido a nossa camisa desde 1990, exceção feita, talvez, a Alex, que poderia estar jogando uma Libertadores por um grande clube do Brasil, se assim desejasse, ao invés de estar penando em um clube que não honra seus compromissos (aliás, temo que teremos Alex conosco por muito pouco tempo mais). De novidade, apenas o fato de que agora o presidente incompetente é atacado pelos jogadores medíocres que ele mesmo, através de Felipe Ximenes, contratou.

Não tenho a menor dúvida de que o final dessa história será o pior possível. Não para o presidente, que vai sumir da história como tantos outros que, um dia, também foram vistos como salvadores. Muito menos para esses jogadores, que têm um futebol tão pequeno quanto sua capacidade de brigar com inteligência pelos seus direitos. Ao final de tudo isso, as lágrimas de dor e tristeza serão derramadas, mais uma vez, por nós, os torcedores, que somos quem estará para sempre ao lado do Coritiba. Choraremos, até que apareça um novo Messias prometendo mundos e fundos, e o ciclo ilusório de que um dia seremos grandes recomece.

Pobre de ti, Coritiba.

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mpopini@yahoo.com.br