domingo, 24 de agosto de 2014

Mudanças

Por: Felipe Rauen 

Há muito sabemos que o Coritiba vem sendo mal administrado, no mínimo no que se prende à sua única finalidade, manter um time de futebol que possa obter conquistas significativas, ou pelo menos razoáveis, sem jamais envergonhar a torcida como vem acontecendo desde 2012.

Tudo teve início, e não me canso de repetir, com o “planejamento” do sr. Felipe Ximenes, referendado pelo presidente Vilson, com contratações estranhas e múltiplas, salários altos e contratos longos para jogadores – alguns até desconhecidos - que nunca corresponderam, e assim continuou após a saída daquele e a chega de novo supervisor de futebol que não se sabe quais qualificações teria para a função. Hoje, ninguém sabe quantos atletas temos em nossa folha de pagamento, uns dizem em torno de cinquenta, outros falam em setenta. Pagamos salários, ou grande parte deles, para jogadores emprestados para outros clubes. E altos. 

Refiro-me a tais fatos mesmo sabendo que são notórios. No caso do Coritiba, já seria um alívio poder aplicar o brocardo português “tudo está como antes, no quartel de Abrantes”, pois estamos nos afundando progressivamente. Estabilizar-se na mediocridade, nada ganhando, mas também não sendo rebaixado, já seria um grande ganho nos tempos atuais. Como é que eu um dia pude aceitar dizer isso? 

No sábado, o time do Coritiba, além das péssimas apresentações individuais, parecia ser uma horda, um bando, uma malta, um agregado de desorganizados, enfim, um grupo sem tática e sem comando externo ou dentro de campo. Se não temos boas individualidades, o negócio seria montar o time dentro das suas limitações, com obediência tática mínima. Ao contrário, o que se viu foram zagueiros chutando a bola diretamente para o ataque, falta de triangulação com os laterais, jogadores desinteressados, como se mostrou o ex-craque Keirrisson, e nenhuma criação no meio de campo. Enfim, um time sem estrutura de jogo. Ninguém, de forma lúcida, pode dizer que um dia o atual plantel poderá mostrar bom futebol, muito pelo contrário. A composição do elenco foi tão ruim, que é consenso que não há técnico no mundo que faça o atual time um vencedor e conquistador de títulos. Um time que tem Robinho como referência, desde o afastamento do Alex, e Baraka como titular, certamente nunca poderá ir longe. Não há como tirar leite de pedra. 

Leio em alguns sites que o Coritiba jogou melhor do que o Palmeiras na segunda etapa. Mas é jogar melhor sem nunca chutar a gol? Reclamam também da arbitragem, que errou muitas vezes, sim, mas jamais em lances capitais, tanto que reconsiderou o pênalti que havia dado contra nós. E esse discurso contra as arbitragens é o álibi que os fracassados adotam quando perdem a esperança em si. 

E eu iria encerrar a coluna analisando a conduta do Celso Roth, quando recebi a notícia de que ele e o Paulo Paixão deixaram o Coritiba e que o Marquinhos Santos foi contratado para o lugar do primeiro. 

Ainda é cedo para firmar convicção, mas é de se perguntar se ele poderá fazer com que os pretensos jogadores que temos aprendam futebol. Não servia antes como treinador e foi demitido sem a menor cerimônia no vestiário e agora serve?

 Mesmo podendo ser precipitado no meu juízo, feito no calor dos fatos, penso que os técnicos que o Coritiba teve depois do Marquinhos Santos foram de qualidade inferior, ainda que não seja ele um primor de treinador. Resta saber se terá ele condições, qualificação e tempo para consertar a situação que enfrentamos. 

Vamos esperar o que virá, mas os tempos são muito difíceis. Não sei até quando aguentaremos tantos desmandos. A mudança de técnico é medida que não pode ficar desacompanhada de outras vitais para recuperação do nosso clube.


domingo, 17 de agosto de 2014

A espinha dorsal de um defunto (reedição do texto escrito em 23 de dezembro de 2013)

Vou repetir aqui um texto que escrevi em dezembro do ano passado, não para me locupletar na base do "eu avisei",  mas para exprimir a minha perplexidade pelo fato de ser tudo tão óbvio e previsível, e, ainda assim, existir quem se esforce para não ver....


2013 foi um dos piores anos da história recente do Coritiba, dada a quantidades de vexames pelos quais passamos.

No regional, conseguimos perder pro Paraná Clube, em pleno Couto Pereira, e também pro sub porcaria do Atlético, em um estádio abandonado.

Na Copa do Brasil, fomos GOLEADOS pelo Nacional de MANAUS.

Na Sul Americana, perdemos AS DUAS pra um time amador da Colômbia e fomos eliminados de forma humilhante, vergonhosa, ainda mais se lembrarmos do discurso MENTIROSO de que a eliminação da Copa do Brasil havia sido “proposital”, para que pudéssemos concentrar forças no torneio continental.

No Brasileirão, escapamos do rebaixamento já na bacia das almas, na última rodada, jogando contra um adversário desinteressado, do qual os jogadores de ataque se colocavam em condição de impedimento várias e várias vezes, e saiam rindo, como se estivessem apenas brincando.

O fato é que Alex nos salvou no regional, com os gols da virada sobre o Atlético, na decisão, depois do FRANGAÇO do Vanderlei, e no Brasileirão, com os gols decisivos que anotou contra Fla, Flu e Botafogo, só pra citar alguns.

Em 2013 tivemos Alex, e seus 27 gols salvadores. E só. O resto foi tudo uma MER*A!

Fosse um time sério, o Coritiba estaria agora não falando em manter a base dessa desgraça de time que nos deu este ano humilhante, mas em reformular boa parte do elenco. Mas estamos tentando não apenas segurar o mesmo “time”, quanto piorar ainda mais o medíocre elenco que temos, ao especular o nome de um Zé Love da vida, mais um jogador ruim, que desde que deixou de receber as assistências de Neymar, no Santos, nunca mais conseguiu fazer gols, e passou a perambular por clubes da Europa, até, provavelmente, desembarcar em um clube em que sua ruindade se equivalha à de seus companheiros.

Não sei o que leva as pessoas a acreditar que mantendo o mesmo time teremos um futuro diferente da vergonha que foi este ano. Talvez seja a mesma cegueira estúpida que levou às bizarrices revolucionárias e coritibanistas, que nada mais foram que cortinas de fumaças que ajudaram a camuflar a nossa fragilidade. O FATO é que não dá pra sonhar com um 2014 DIFERENTE se fizermos tudo IGUAL a 2013.

Enquanto o mercado futebolístico se agita, o Coritiba segue chorando a sua miséria, contratando treinadores iniciantes e baratos, renovando com frangueiros e com velocistas que tentam aprender a jogar futebol, e procurando jogadores que aceitem jogar a primeira divisão a troco de banana. E tudo isso, novamente, com a anuência e os aplausos de um séquito de incautos que, ao que parece, cultuam o sofrimento e se enxergam como mártires.

Convém, pois, não jogar fora os discursos emotivos sobre a grandeza do Coritiba, nem sobre a injustiça para com a sua torcida apaixonada que “carrega o time nos braços”, pois eles serão necessários muito em breve. Está se oferecendo ao clube uma trégua da qual o clube não é merecedor, uma vez que ele sequer é capaz de sinalizar alguma mudança de postura, ou de emitir um sinal de que as coisas serão feitas de formas diferentes. E, se mantivermos a "espinha dorsal" daquilo que foi incapaz de nos erguer, certamente continuaremos a ser pisoteados, e humilhados.