segunda-feira, 6 de julho de 2015

Martírio

Liquida-se um time


Venha até o Couto Pereira e pegue o seu jogador. Por conta de contratos ridículos, que não dão nenhuma salvaguarda ao Coritiba, nem em relação a jogadores que quase ninguém mais quer, é só chegar, escolher o seu jogador, e levar embora.

O Coritiba está como aquela vitrine de produtos de segunda linha: sempre tem alguém que gosta, resolve arriscar, e leva. Os outros clubes vão até o Alto da Glória, expõem os seus refugos, e ficam aguardando aparecer alguém mais bobo do que os dirigentes alviverdes, para fazer algum troco com que só dava prejuízo aos seus clubes de origem, treinava separado, estava encostado, ou vivia no departamento médico. Pro Coritiba não sobra nada, ou quase nada, além da vergonha de ter sido, mais uma vez, humilhado, posto que nem os refugos pelos quais implorou ele consegue segurar. Pena não existir ninguém cuja estupidez seja maior do que a nossa, pra levar embora o Negueba....


Liquida-se uma história


Quem viu aqueles times da década de 70, quem assistiu ao título nacional de 85, quem acompanhou nossos últimos suspiros com o time de 89, tem, pelo menos, algumas histórias pra lembrar e contar com orgulho. Quem não viu, já se acostumou à mediocridade, já incorporou o sentimento de vergonha, e vive hoje apenas da esperança de sair da zona de rebaixamento do Brasileirão, objetivo que, quando alcançado, constitui-se no feito máximo que podemos alcançar, uma vez que, agora, nem os campeonatos regionais nós conseguimos ganhar. O problema maior disso tudo é que, para o que parece já ser a maioria da torcida alviverde, resultados como os do último sábado são admitidos como normais, e nem protestos ensejam mais.


Soberba


Não tenho dúvida alguma que, a despeito da ruindade do nosso time, concorreu muito para o empate contra o Joinville a soberba de ter poupado jogadores da partida contra o Galo, imaginando que ganharíamos com tranquilidade do lanterna do campeonato.

Pode-se apelar para as mais diversas tecnicidades para justificar a não escalação dos jogadores em Belo Horizonte, mas o fato é que toda essa cautela foi completamente inócua, posto que os “poupados” em nada contribuíram para evitar mais uma vergonhosa apresentação em pleno Couto Pereira. E, pra comprovar a nossa mais extrema burrice, de que adianta atribuir aos jogadores mais experientes, recém-contratados, a função de resolver boa parte dos nossos problemas, se eles não podem nem jogar a maioria das partidas???


Tormento


O fato é que, a despeito da comprovada incompetência dos nossos dirigentes e da completa despreocupação e falta de garra dos nossos jogadores, os maiores tolos da história somos nós, por nos negarmos a admitir o óbvio: o Coritiba merece ser rebaixado. Hoje mesmo, certamente, aparecerão aqueles incautos que insistem em confundir admitir a nossa triste realidade com “torcer contra” o Coritiba.

No campeonato paranaense, em 2014 não passamos nem das semifinais; em 2015, fomos goleados em casa, na decisão, por um time do interior. No Brasileirão 2014 passamos quase que o campeonato todo na zona de rebaixamento, coisa que está a se repetir este ano. Ou seja, como acreditar em algo bom se apenas pioramos de um ano para outro, se cavamos ainda mais o já imensamente fundo buraco em que nos encontramos??

Iniciamos mais uma semana, já em julho (!), ouvindo os dirigentes dizerem que vão contratar jogadores, aguardando a vinda de mais um ex-jogador que não vai mudar absolutamente nada (Leo Moura), acompanhando os médicos do clube criarem uma lista de chamada para poder organizar o número de contundidos, vendo a incoerência de contratar um monte de jogadores que precisam ser “poupados” de partidas importantes, as quais deveriam ajudar a decidir, e não conseguindo ganhar nem do único time que, pelo menos no número de pontos, por mais incrível que pareça, consegue estar abaixo do nosso.

Ter esperanças com esse time, portanto, é exercer ao limite o direito de ser masoquista, é crer no impossível, é adotar o comportamento doentio de fazer da frustração um prazer.

Do jeito em que estamos, e com a quase inexistente possibilidade de que algo possa mudar radicalmente, ter pela frente ainda mais 27 rodadas no campeonato não é um alento, é uma tortura.

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mpopini@yahoo.com.br
Instagram: mpopini


sexta-feira, 5 de junho de 2015

Fim??

Você se surpreendeu com a derrota do Coritiba para o Avaí, em pleno Couto Pereira? Mas por que??

Não tínhamos em campo quase a mesma equipe que foi impiedosamente goleada, também em casa, na decisão do campeonato paranaense, pelo Operário de Ponta Grossa, um time da quarta divisão nacional? Ou os mesmos refugos que precisaram cobrar 11 pênaltis para eliminar o Fortaleza, e que sofreram para ganhar do time reserva da Ponte Preta?

Não tínhamos a beira do gramado o mesmo treinador (?) que já havia conseguido a proeza de ser derrotado em casa por um time amador da Colômbia, e de ter sido goleado por um Nacional de Manaus, em uma Copa do Brasil?

Esse treinador, por acaso, adotou um esquema diferente do usual, deixando de escalar o time com três volantes, desta feita para jogar contra uma equipe que quase tinha sido rebaixada no campeonato catarinense?

Não tínhamos, fora de campo, provavelmente em um camarote qualquer do remendo chique que fizeram no nosso envelhecido estádio, os mesmos mentirosos que prometeram um Coxa Maior? E, nesse camarote, por acaso tínhamos uma diretoria unida, completa, ou apenas as sobras de um grupo ardilosamente montado por gente cuja experiência se resume a apoiar, conspirar, trair e, depois, reiniciar esse ciclo infinitamente? Onde estavam os covardes que emprestaram a esses mentirosos os seus nomes, antes relacionados à seriedade, avalizando o estelionato eleitoral cometido na última eleição do clube?

Então! Por que a surpresa??

O que o Coritiba tem feito, nos últimos anos, além de impor à sua torcida sucessivas humilhações? O que almejamos a cada início de Campeonato Brasileiro, que não seja brigar pra não ser rebaixado?

O que muda depois das eleições do clube? Lá não ficam sempre as mesmas pessoas, que apenas fazem mudar de lado, e que se escondem sempre atrás do nome de alguém que eles conseguiram convencer a bancar a Rainha da Inglaterra?

Aí vem a pergunta cuja resposta é a mais difícil? Como ter esperanças? Com certeza, Marquinhos Santos não será mandado embora. Ninguém que “mande” no clube tem culhão para isso. Muito provavelmente não trarão nenhum reforço de verdade, que possa mesmo fazer a diferença. Sim, o time que deram pro MS é muito fraco. Mas mesmo um time muito fraco, com um mínimo de organização, dificilmente conseguiria ser goleado por um Operário ou perder pra um Avaí, em casa.

Sendo realista, falta pouquíssima coisa para conseguirem acabar de vez com o Coritiba. Não somos mais capazes nem de ganhar o medíocre campeonato regional. Pelo contrário, somos goleados, em casa, na decisão, e a forma como todos (todos mesmo, jogadores, diretoria E TORCIDA) simplesmente deixaram isso passar, como se fosse uma coisa normal, corriqueira, é a prova de que já assimilamos o nosso novo status, o de um timeco sem alma, sem ambição, e que jogou a sua história no lixo. No campeonato brasileiro, antes não ganhávamos quase nunca fora de casa, agora demos pra perder em casa, também. Já devíamos ter sido rebaixados há tempos, não fossem os milagres que atendem pelos nomes de Deivid, Tcheco, Alex e Joel, terem nos salvado nos últimos três anos.

Sábado passado perdemos pro Avaí, no Couto Pereira. O que mudou de lá pra cá? Que atitude foi tomada, depois de mais esse revés neste ano? E, se tudo continua igual, se os homens que comandam o clube continuam os mesmos, se o treinador é o mesmo, se os jogadores são os mesmos, como ter esperanças de que amanhã os resultados serão diferentes??

O Coritiba insiste em se agarrar a uma realidade que “existe” apenas no coração de seus torcedores. Se pensarmos bem, as únicas “alegrias” que tivemos nesses últimos anos foram os dois títulos da segunda divisão. Fora isso, apenas decepções e humilhações. Que parecem não ter mais fim, infelizmente.

Não sei como terminar esse texto. Perdi-me ao escrevê-lo. Queria poder dizer que ainda tenho esperanças de que as coisas mudem. Queria conseguir pedir a todos que se associassem ao clube, pois essa talvez seja a única forma de tentar mudar esse cenário de penúria que vivemos há tempos. Queria poder voltar a escrever odes à nossa camisa. Queria poder acreditar que ainda há de surgir alguém que possa mudar a maneira de gerir o clube. Mas desde 2009, desde aquele fatídico fim do ano do nosso centenário, confesso, a tristeza e a desesperança me dominam. Houvesse um jeito de arrancar esse amor de dentro do meu peito, eu certamente o faria. Mas isso é impossível. Serei Coxa Branca até o fim dos meus dias, ou até o fim dos dias do Coritiba. Oxalá aqueles venham antes destes...