segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A faixa que queremos.


Por: Felipe Rauen

No último atleTIBA, mais uma vez vencido por nós de modo indiscutível dentre tantos (ah, como é bom), nossos jogadores ingressaram em campo com uma faixa mostrando a triste realidade pela qual passa o clube.

Reclamavam do atraso do direito mais básico de qualquer trabalhador, que é o recebimento em dia dos seus salários, meio de subsistência pelo qual todos lutam ou um dia lutaram. E mais, o texto não se limitou a uma mera reclamação, mas ao mesmo tempo mostrou que os portadores do manifesto não deixariam de lutar pelo time – já nem tanto pelo clube – por amor à torcida e, pior, deixou clara a desconsideração do presidente Vilson para com eles, através de reiteradas promessas de regularização não cumpridas “Em vão” como dizia a faixa.

O texto, na verdade disse muito mais do que estava literalmente escrito. Ficou confirmado para quem já sabia ou sentia, e claro para quem ainda pairava na inocência, que a administração do Coritiba, da qual tanto se esperava quando assumiu, está perdida. O clube, agora, não só tem uma considerável dívida com terceiros e passivos trabalhista que os pobres mortais como nós desconhecemos, como nem mesmo aos seus colaboradores consegue pagar.

Ora, é quase acaciano dizer que se um clube de futebol não se sai bem em campo, segue-se a derrocada financeira. Mas o inverso também é verdadeiro, ou seja, se o clube está financeiramente descontrolado e torna o seu meio de produção (os atletas) necessitado de buscar forças motivacionais extras, às vezes em prejuízo do sustento familiar, em consequência não se dá bem em campo e um círculo vicioso se fecha. Clube descontrolado e desorganizado financeiramente, time mal. Time mal, clube sem ingresso de receita.

E no Coritiba, ao que parece ao menos para quem só acompanha – mas muito – os noticiários e cronistas – o problema parece ser muito mais de não saber gastar corretamente o dinheiro destinado ao futebol do que falta dele. Se quando a atual administração assumiu a dívida estaria sob controle e era muito menor, como se dizia, não há como concluir diversamente.

Não se sabe quantos atletas estão na nossa folha de pagamento – sim, amigos, na nossa que sustentamos direta e indiretamente o clube. São dezenas além dos trinta e um que constam no site oficial, muitos deles emprestados e com parte dos salários bancados pelo Coritiba. Seria irresponsabilidade minha dizer que dinheiro tem sido gasto em outras áreas que não a do futebol, meio e fim do Coritiba, mas às vezes me parece que a nossa direção age como no “Baile da Ilha Fiscal” quando o império brasileiro agonizava antes da proclamação da república, ou como Maria Antonieta quando se aproximava a Revolução Francesa, desconhecendo olimpicamente a falência a que aos poucos está sofrendo o Coritiba, se é que já não.

Sei que deve ser muito difícil administrar um clube de futebol nos tempos atuais. O mercado brasileiro se descontrolou e inflacionou, mantendo-se jogadores e técnicos com salários totalmente fora de nossa realidade econômica. Sei também que há clubes em situação igual ou pior do que a do Coritiba. Tenho o sentimento de que se uma administração saneadora se impuser no Coritiba, muito tempo ainda decorrerá para que tenha a situação sob controle.

Mas isso não é consolo.

Não quero irresponsabilidade em nome da montagem de um bom time, mas também não quero ter apenas certidões negativas de débitos. Quero um clube bem administrado, com dívidas pelo menos equilibradas – já que reconheço impossível delas se livrar – mas quero também sucesso em campo. Quero um Coritiba confiável, que faça com que os torcedores se sintam recompensados pelo pagamento das contribuições sociais, participação nos jogos e tanto outros meios que rendem dividendos ao clube.

A faixa que quero ver em campo é a de campeão, não só mais na esfera estadual. Lastreada em controle financeiro, sem dúvida. Uma coisa leva à outra.

5 comentários:

  1. Prezado Rauen: Excelente texto. Traduz, com precisão, a nossa triste realidade. Parabéns. O pior é que vários interessados em assumir o Clube, segundo a mídia, após tomarem ciência da situação do Clube, tão bem explicitada no seu artigo, desaparecerem com velocidade supersônica. Tomara que apareçam alguns abnegados e corajosos que assumam o Clube e iniciem, com a devida urgência, o indispensável saneamento e reerguimento da nossa amada Instituição.

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  2. Caro Felipe: Irretocável! Nunca imaginei, que um dia veria uma faixa, dessa natureza. Para quem estava acostu-
    mado a ver no campo, apenas faixas de campeão, foi deprimente o espetáculo de sábado.
    O que me espanta, é que ainda aparecem, alguns torcedores, que criticam os jogadores, defendendo o presiden-
    te.
    Quanto à dívida, temo que após as eleições, que serão vencidas, por alguem de oposição, que ainda deve se
    candidatar, que ao levantar o tapete, encontre muito mais sujeira, e dívidas, do que hoje é declarado.

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  3. Mais um dono da verdade.

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  4. Já são anos de metódica destruição do clube e o penoso é saber que o elemento sairá belo e faceiro!

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  5. O terceiro comentarista, é tão covarde, alem de puxa saco, que não coloca, nem um apelido, é simplesmente um anônimo. Fácil criticar, sem se identificar.
    Alvaro

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