segunda-feira, 8 de setembro de 2014

URINANDO NAS PERNAS


Por: Felipe Rauen

O resultado do jogo entre Coritiba e Bahia foi justíssimo. Os dois times se igualaram na ruindade técnica e individual. Tiveram mais medo de perder do que coragem de ganhar. Não mereciam melhor sorte e comprovaram que estão no lugar certo na classificação do campeonato.

Seria “chover no molhado” dizer que não temos nenhuma qualidade no meio do campo, que Zé Love de bravo passou a egoísta (ou será que ele sabe que não adiante passar a bola para os companheiros que tem?) e que Robinho nem sequer escanteio sabe bater. Mas é cansativo para mim e certamente para os amigos leitores a cada coluna bater nas mesmas teclas.

E ontem, além do baixíssimo nível dos times, tivemos ainda uma atuação patética do árbitro. Deixando de lado as repetidas inseguranças, sobre as quais falarei a seguir, ontem vi o que eu nunca tinha visto. Árbitro fazer “cera”! O homem caminhava a passos de cágado cada vez que marcava alguma infração ou escanteio, não deu os sete minutos de acréscimo decorrentes da confusão do pênalti e, quando foi dar cartão amarelo para dois do banco de reservas do Bahia, se dirigiu até a linha lateral quase que se arrastando, gastando vários minutos em cada ocasião. Sem dúvida ele, mais do que o Coritiba e o Bahia, estava satisfeito com o empate sem gols! Mas como é que um sujeito que se arrasta em campo é aprovado nos testes físicos da CBF?

Ele errou em nosso favor – muito menos do que já erraram contra nós – e ficou sete minutos para lá e para cá como um pateta indeciso até que alguém lhe disse que pela televisão se comprovava que a falta acontecera fora da área. E o pênalti era indevido. Mas então agora temos uma novidade no futebol, que não sei se será aceita pela FIFA. Na dúvida sobre alguma assinalação, o árbitro consulta os auxiliares que informam o que viram na TV. Pronto, a atuação do árbitro ficará relativizada perante a tecnologia. Ah, se no jogo contra o Flamengo algum auxiliar tivesse chamado o árbitro para dizer que o segundo pênalti que ele “criou” não ocorreu...

E o episódio mostra mais. Mostra que ninguém mais nos respeita. O árbitro errou, repito, e acertou ao corrigir, embora a destempo. Mas no futebol, quando o erro não é doloso como os que sofremos no jogo contra o Flamengo, ele faz parte da cultura do esporte. Quantas e quantas vezes a televisão mostra erros dos árbitros, a maioria deles por incompetência, precipitação ou omissão? Nessas ocasiões os árbitros aceitam que os jogadores do time penalizado reclamem um pouco, mas apenas dentro do que é razoável. Mas aguentar sete minutos de queixas veementes, idas para lá e para cá, permitir que a bola fosse colocada na marca dita fatal para depois de tanta demora e indecisão reconsiderar, penso que só ocorre com clubes que não tem força e não são respeitados. Dá para imaginar algo parecido quando um pênalti indevido for marcado para Flamengo, Fluminense, Corinthians, São Paulo, contra Coritiba, Bahia, Sport e outros de menor graduação no cenário do futebol nacional? Os jogadores dos últimos receberiam cartões amarelos, no mínimo.

Fosse o Coritiba respeitado como um dia já foi – embora nunca antes tivesse um chefe de delegação na seleção brasileira – o comportamento das arbitragens certamente seria outro em nossos jogos. Não quero que favoráveis, mas sim justos e coerentes com o padrão. Com cada vez menos prestígio, tenho medo de que logo os cachorros passem a urinar nas nossas pernas.

3 comentários:

  1. Prezado Rauen: Texto objetivo e certeiro. Parabéns. De fato não é pelos azares do acaso que as duas equipes estão "hospedadas" na zona do rebaixamento. Ambas são, indiscutivelmente, de péssimo nível. Representam o que existe de pior no decadente futebol brasileiro. Quanto a nossa, o que nos interessa, nunca vi um grupo de jogadores tão ruim e, o que é pior, tão bem remunerado para não produzir nada de gratificante na defesa das nossas cores. Quanto a arbitragem, todos conhecem, à exaustão, o tradicional desprestígio do nosso Clube, o qual foi ainda mais evidenciado após a assunção do atual presidente, premiado pela CBF com "cargo honorífico" de "chefe da delegação".

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  2. Parabéns Dr. Rauen, na "veia"! O pior de tudo é que essa "pequenez" vêm ocorrendo progressivamente desde 2011 pois se verificarmos as estatísticas, em campeonatos anteriores ao menos na maioria das vezes sempre vencíamos os clubes de igual ou inferior nível ao nosso fora e dentro de casa; empatávamos ou vencíamos alguns ditos grandes fora de casa e no Couto Pereira dificilmente saímos derrotados, o que se ao menos não nos levava a uma posição de destaque, ao menos não nos fazia passar a vergonha e o sufoco que estamos passando ultimamente. É claro que também fomos rebaixados em anos anteriores mas o que me assusta são os mesmos erros novamente cometidos, além da expectativa que havia sido criada de que o clube estava tendo suas dívidas sanadas e também pelo fato de termos mais de 20 mil sócios, além das cotas de TV e patrocinador máster. Espero que, apesar de tudo os associados não abandonem o barco pois sem esse apoio é inevitável o pior, que seria ao meu ver tudo o que muita gente que habita os lados obscuros da cidade mais desejam.

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  3. Vou " chover no molhado " Coluna brilhante!
    A última frase, fechou com chave de ouro!
    Essa frase, deveria ser colocada em uma faixa, e colocada no Couto.
    Alvaro

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