Por: Felipe Rauen
A inveja é um sentimento reprovável, sendo conceituada pelos religiosos como um pecado e pelos não crentes como decorrente de personalidade mesquinha.
A inveja é um sentimento reprovável, sendo conceituada pelos religiosos como um pecado e pelos não crentes como decorrente de personalidade mesquinha.
Todavia, em que
pese alguns não aceitem a distinção, existe a inveja má e a inveja boa, esta quando
transformada em saudável ambição.
A inveja má se
caracteriza quando nos deixamos ferir pelo sucesso alheio, desejando a reversão
do que outrem conseguiu. Assim, por exemplo, se um colega de trabalho é promovido
em meu lugar, o sentimento de inveja má me faz desejar que ele cometa erros e
seja rebaixado.
Já a inveja boa
é aquela que nos impulsiona a tentar alcançar o mesmo ou maior sucesso dos
outros, investindo no nosso aperfeiçoamento. No exemplo acima, a inveja boa me
faria trabalhar e me preparar melhor para alcançar a mesma ou maior promoção. A inveja boa é propulsora do progresso e do
sucesso. E deixa de ser inveja para ser sinônimo de ambição saudável.
Faço estas
considerações refletindo sobre o que o presidente do Coritiba, Vilson Andrade,
afirmou há poucos dias sobre a frustração da nossa torcida com a má campanha do
time, reduzindo ele nosso sentimento a uma mera inveja decorrente do mau
momento do Coritiba em comparação com o sucesso do rival.
Certamente este
é um dos fatores que têm nos deixado deprimidos - é normal não gostar do
sucesso deles - mas não o único e menos ainda o principal.
Fracassamos na
Copa do Brasil, eliminados por um time inexpressivo, que nem sequer na série D
conseguiu sucesso (saiba mais).
Estamos sob ameaça concreta de eliminação na Sul americana em sua segunda fase
(perdemos em casa para um time que nem mesmo estádio com iluminação tem!). E
ainda temos como horizonte mais palpável no campeonato brasileiro o risco de
rebaixamento do que uma eventual classificação entre os primeiros. Tudo isso em
decorrência de um mau planejamento e da carta branca entregue a um empregado do
clube, descompromissado com o sentimento dos torcedores, que mostrou ser despreparado ao não saber encontrar
bons jogadores dentro das possibilidades financeiras do seu empregador.
O rival, pelo
contrário, partindo de uma perspectiva que parecia modesta ao início do ano,
está indo muito bem em ambos os campeonatos que disputa, e no próximo ano terá
um estádio de primeiro mundo (A esta altura já não importa mais se com dinheiro
público. Já se tentou reverter o benefício, mas sem sucesso.) enquanto nós
continuaremos com o amado Couto Pereira com meras reformas, quase que
cosméticas. E eles, diferentemente de
nós, souberam encontrar bons e baratos desconhecidos jogadores para mesclá-los
com alguns de qualidade que tinham. E consta que a nossa folha salarial seria
bem superior em face de um “inchaço” do plantel com contratações em quantidade
intrigante de jogadores de qualidade no mínimo discutível, senão
comprovadamente não condizente com a aspiração de um clube que deseja crescer
além dos limites regionais.
Ante tais
circunstâncias e certezas, não é possível reduzir o sentimento de frustração da
torcida a uma mera inveja decorrente da comparação com o momentâneo sucesso do
rival. As causas são outras, como todos nós sabemos.
Pois bem, mas se
o nosso presidente e seus colegas de direção souberem explorar a inveja que
imputa a nós, torcedores - mas que implicitamente ele também mostrou sentir -
como boa, transformando-a em ambição e tratando de procurar
aperfeiçoar o time (e como consequência o clube), ótimo. Porém, se ficar tudo
com está, administrando crises e satisfazendo-se com títulos regionais e com
desejo de que eles ali adiante fracassem para ficarmos iguais na pequenez, não
cresceremos.
Em cidades em
que há dois clubes rivais fortes como em Porto Alegre e Belo Horizonte, o
sucesso de um leva o outro a procurar alcançar o mesmo patamar ou ultrapassá-lo.
O Internacional teve o seu estádio escolhido para a Copa do Mundo, tratando de reformá-lo
para atingir os padrões da FIFA? O Grêmio então se se movimentou para construir
antes a sua moderna arena. Um foi campeão da América e do mundo? O outro tratou
de sê-lo também. O Atlético original foi campeão da Copa Libertadores? Pois o
Cruzeiro se moveu para montar um bom time, a esta altura franco favorito para
ser o campeão brasileiro.
É este
sentimento – a transformação da inveja em saudável ambição - que deve mover o
Coritiba, que tem potencial (torcida, sócios e marca) para crescer, e não pode
se contentar apenas com sucesso local, com campanhas medianas ou fracassadas no
âmbito nacional, ou ainda se limitar a se alegrar quando o rival está pior.
Isso, repetindo a já tão batida afirmação, é pensar pequeno e não leva a lugar
nenhum.
Parabens aos dois; Popini, pela criação do Blog, e Rauen, pela brilhante coluna, pois não
ResponderExcluirpodemos chamar de apenas, um comentário. O pior de tudo, é que quem sabe a inveja
seja maior, caso o rival seja campeão da CB, e continue no G4.
Abraços
Alvaro
Excelente texto do Dr.Rauen, como sempre muito lúcido. Infelizmente, nosso presidente se agarrou a um paradigma e se esqueceu de que uma boa administração necessita de melhoria contínua para funcionar. O orgulho e teimosia de Vilson R. Andrade nos colocou no topo em 2011, mas também foram responsáveis pelos desastres de 2012 e 2013 nas competições nacionais, que tem alto valor agregado, ao contrário do Campeonato Paranaense, que não somente não tem nenhum valor simbólico por causa dos adversários que os times da capital enfrentam, mas também porque é um campeonato gerenciado por uma das federações de futebol mais incompetentes do Brasil. Espero que essa confusão tenha aberto os olhos do VRA e que ele busque pessoas comprometidas com o Clube para os cargos em aberto. E não esquecer de fazer uma limpa nesse elenco ridículo e caro montado pelo Ximenes e também rever o nosso DM.
ResponderExcluirMuito boa a coluna Dr. Rauen... excelentes as colocações.
ResponderExcluirExcelente coluna, como sempre.
ResponderExcluirSidney
Excelente Dr Rauen.
ResponderExcluirQue esta "inveja", seja combustivel para crescimento e não para nos apequenarmos mais ainda.
SAV
Parabens aos dois; Popini, pela criação do Blog, e Rauen, pela brilhante coluna, 2
ResponderExcluirDepois de longa ausência, o retorno do Dr. Rauen foi, acredito eu, motivo de alegria para todos nós.
ResponderExcluirSeus sóbrios e equilibrados comentários demonstram temperamento enérgico buscando soluções e criticando construtivamente.
Sempre atento aos assuntos do Coritiba trabalhou, mesmo distante, intensamente demonstrando as brutais irregularidades em que se envolveram os políticos da 5ª Comarca de São Paulo que buscaram de qualquer forma recursos para reconstrução da Arena.
Espero ver editado um livro tendo este conteúdo tão esclarecedor para que os orgulhosos de hoje e as gerações de amanhã sintam vergonha do sombrio passado.
Parabéns aos meus líderes: Dr. Rauen e Popini. Por eles eu tenho: INVEJA BOA. Carlos Augusto de Castro.
Muito bom como sempre, Rauen!
ResponderExcluirQuem e Vilson Ribeiro de Andrade, nao quero informacao do Google, quero saber quem e antes do casamento, de onde veio, quem e sua familia. O que ele esta se divertindo com o Coritiba fez ate o Alex baixar a cabeca. Alguem para nos informar que e ele!
ResponderExcluirQual é o verdadeiro projeto do Vilson?
ResponderExcluirTico
Parabéns Rauen,estava sentindo falta de ler suas análises sobre o nosso amado coxa branca.Infelizmente,pelo menos por enquanto a inveja positiva não foi utilizada.Ontem o nosso time foi uma caricatura do que já foi um dia.Lamentável que o nosso presidente que teve um início tão promissor,tenha perdido o rumo completamente.Será que a entrevista do Alex criticando a globo,teve algo a ver com tudo que anda acontecendo?Cordiais saudações coxa branca.
ResponderExcluirExcelente texto como sempre. Um abraço
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