quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Amor ou fanatismo?

Por: Felipe Rauen

Se há discussão que aparentemente nunca chegará ao fim, é sobre saber com exatidão qual clube de futebol tem realmente a maior torcida no Estado do Paraná. Os resultados dos institutos de pesquisas, nos últimos anos, por vezes têm indicado que o primeiro lugar caberia ao atlético, uma vez que com boas estratégias de marketing e abrigo amigo junto a alguns meios de comunicação, nos últimos quinze anos ocorreu um “modismo” entre quem não se importava com futebol de modo que, indagados, costumam responder que “torcem” para o rival, muitos tanto quanto quem não acompanha minimamente o futebol, diz que apenas torce pelo Brasil na Copa do Mundo.

Esta é a realidade, embora não se possa negar que eles têm uma forte torcida, o modismo levou a que nos últimos anos uma parte da população local respondesse às pesquisas dizendo ser torcedora do atlético, quando na verdade torce para eles tanto quanto para o cantor ou o ator do momento midiático. O povo “vai na onda”, basta ver que a cada verão há uma música de sucesso que logo em seguida é esquecida. Assim se conduzem as massas, especialmente as pessoas influenciáveis e sem princípios sólidos: se a mídia diz que muitos gostam, eu também devo gostar; se a mídia diz que é bom, eu aceito e quero o produto; se a mídia “maquia” bem um candidato a cargo público, eu voto nele; se a mídia diz que tal time é o da moda, vou dizer que sou torcedor dele para “não ficar por fora”, mesmo não sabendo nada sobre o clube, talvez no máximo as cores da camisa.

Mas esse pseudo torcedor não interessa, podem ficar com eles, assim como os se dizentes paranaenses que torcem por times paulistas (é uma falta de identidade com a sua terra natal inconcebível). Torcedor mesmo é aquele que frequenta os estádios, que se associa ao clube, que conhece pelo menos parte de sua história e não abandona jamais o time mesmo na adversidade. Torcedor mesmo é aquele que, ainda que com difícil condição financeira, procura se associar nos planos mais baratos, vai ao estádio e usa a camisa do clube com orgulho.

Qual torcida de clube de futebol no Brasil passaria o que passamos em 2.009, e mesmo assim acompanharia todos os jogos ainda que três quartos deles em locais distantes? Qual torcida passou o que passamos nos anos 1990 e se manteve fiel? Qual torcida teria um adepto sendo levado ao estádio de maca, como foi mostrado em uma transmissão recente (lamento, esqueci em que jogo foi). Qual torcida sabe fazer tamanha festa nas arquibancadas, vestindo a camisa do clube e gritando e cantando, embora exigindo e reclamando, com todo o direito, nos maus momentos? Qual o clube paranaense, afora o Coritiba, que seguramente quase todos os anos – descontado 2.009 por razões óbvias – tem as maiores médias de público nos estádios, inclusive no campeonato brasileiro no qual, neste ano, em que pese o mau desempenho que espero logo revertamos, estamos em nada menos do que na sétima colocação de público presente aos estádios?

Por isso, não me impressionou recente pesquisa que colocou a nossa torcida como “menos fanática” do que a deles. Fanatismo não é sinônimo de amor. Pode gerar amor e ódio com a mesma intensidade. Mais significativo do que fanatismo é amor incondicional, espírito crítico quando o time não está bem, e apoio quando ele mais precisa. Dividimo-nos entre otimistas (alguns deslumbrados ou cegos), pessimistas (alguns sistemáticos) e realistas, mas cada um ao seu modo é torcedor incondicional e quer o bem do Coritiba.

Só o Coritiba é assim, meus amigos. O Coritiba não tem na sua torcida simples adeptos, meros simpatizantes ou aderentes por moda. Fanáticos, no bom sentido, os tem, sem dúvida. Quem torce pelo Coritiba o faz como ato de fé, de devoção e de amor. Para quem vê a afinidade e afeto entre o torcedor e nosso clube de longe, talvez a relação seja inexplicável, mas amor incondicional realmente não se explica. Se vive.

É diferente de fanatismo, sentimento muitas vezes irracional.


4 comentários:

  1. Prezado Rauen: Como bem observado, não obstante o desempenho sofrível no campeonato estamos na sétima colocação, levando-se em conta o público presente nos estádios. Entendo que é uma prova insofismável da existência de torcedor efetivo (do verdadeiro), não daquele de ocasião, do seduzido pelas estratégias de marketing e pelo discurso da mídia amiga. Aliás, como bem colocado, nesse terreno o rival é muito eficiente, em contraposição, acrescento, ao nosso fraquíssimo trabalho no que tange a promoção do Clube. O preocupante é que o trabalho efetuado pelo adversário vem surtindo, também, grande efeito junto a mídia nacional, onde observo que este tem sido mais destacado e elogiado, enquanto a nossa agremiação, embora reconhecendo a presença do "fator do momento", é tratada com desdém, com desapreço, como simples coadjuvante e, o que é pior, como candidata ao rebaixamento. Entendo, assim, que a direção do Clube deveria melhorar substancialmente o trabalho de marketing, como também junto aos órgão de comunicação local e, principalmente, com mais força e empenho no âmbito nacional.

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  2. Eu nunca liguei para essa discussão! Não sei se somos maior ou menores que "elas"; sequer sei o tamanho da nossa torcida dentro da nossa cidade!!!
    Por mim, podemos ser a menor torcida do mundo, que não estou nem aí... meu objetivo como torcedor é ter a "mais feliz". E ser a "mais feliz" significa atingir os objetivos e conquistas!

    Para mim, vale muito mais os 12.000 que sempre estão no Couto (mais aqueles que participam e que não podem estar, pelo fator distância), do aquele torcedor de TV, de sofá, que assiste o Paulistão na Band em dia de atletiba e ainda se diz COXA-BRANCA!

    Abraço a todos!

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  3. Acho que todas as torcidas tem os fanáticos , tem torcedores com amor incondicional e tem os marginais , o que muda são os números entre os clubes. Meu irmão e pai são exemplos disso , torcem para o Paraná Clube que esta a sete anos na serie B , precisa dizer mais alguma coisa ??......coitados ,,,,,kkkk

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  4. O dado concreto é: Cuidado para não ficar deslumbrado, culpar o tempo, a arbitragem, o sol, a lua, etc, etc, etc. Quem torce tem que apontar erros, aplaudir acertos, ter senso crítico, paciência e apoiar até certo ponto. No caso atual do Coritiba, é inevitável da minha parte desejar #Foda-çe Vilson, por todo o mal que ele me causou (2 vices na Copa no Brasil, não ida à Libertadores, humilhação na série A de 2013. Isso também é ser torcedor.
    Credence

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