Sindicalistas

Por: Felipe Rauen

Conscientemente, não esperava mais do Coritiba do que ofereceu hoje. É repetitivo dizer que é um time limitado, quando não limitadíssimo, que foi muito mal formado e infelizmente continua a sê-lo. Já sem o Ximenes, mas seguindo a sua filosofia, contratamos Carlinhos, do Icasa, a respeito do qual nada se sabe a não ser que foi dispensado por indisciplina (deve vir fazer companhia ao Vítor Jr.).  E reintegramos no elenco, com o exagero e o acinte de ficar hoje no banco, o Eltinho que nem sequer o Náutico quis. Aliás, pergunto: será que algum time que não seja das séries C e D o aceitaria?

Mas deixando a razão de lado, no fundo do coração antes do jogo ainda tinha a esperança de que hoje as coisas poderiam mudar, mesmo que fosse por força do inesperado que constantemente ocorre em clássicos, ou pela força da camisa, ou até pelo carisma positivo de alguns e negativo de outros.  Carisma positivo a partir da história do Geraldo nos atletibas, e negativo pelas jornadas quase sempre infelizes do Paulo Baier contra nós. Não há torcedor que não tenha esperança em vitória do seu time em clássicos, mesmo que conscientemente saiba que tem menos qualidade.

Mas que nada, ocorreu justamente o previsível, deu a lógica, o esperado diante do quadro atual. O nosso dito “talismã” nada jogou, não soube atacar, jogou muito mais atrás sem qualquer produtividade, enquanto o “velho” deles – que ao que consta não integra o “sindicato” dos que querem jogar menos - comandou o adversário e foi o destaque.  Conseguimos sair na frente, e a partir daí deveríamos ter mudado o modo de jogar para segurar o placar até o final da primeira etapa, tentando deixá-los emocionalmente fracos. Infelizmente não foi assim, eles tiveram equilíbrio emocional, parecendo que sabiam que logo mudariam o placar, como mudaram.

Tenho que nosso técnico cometeu erros nas substituições, uma delas pelo momento. Se Victor Ferraz precisava sair por cansaço – pelo menos assim ouvi - o deslocamento do Gil para a ala direita foi correto, mas a entrada do Vítor Júnior no lugar daquele não levou a nada produtivo. E o Júlio César, ainda que seja limitado, dentro das circunstâncias do jogo vinha bem e não merecia ser substituído pelo Bill (o gol que ele perdeu hoje foi teratológico). Geraldo, sim, deveria ter sido substituído, seja porque vinha mal, ou seja porque tinha recebido cartão amarelo. Ficou até o fim e até o fim continuou a jogar mal. Quanto ao Escudero, que além de ser mesmo violento está marcado pelas arbitragens de modo a às vezes ser penalizado com rigor desmedido, Chamusca levou quase que uns dez minutos aquecendo e dando instruções ao substituto, permitindo tempo para que ele fosse expulso, como era previsível.

Agora estamos a um passo da zona de rebaixamento e as perspectivas que se descortinam não são animadoras.

Para não perder o gancho lançado antes referente aos mais velhos, espero que o Alex, o Lincoln e o Devid deixem para agir corporativamente depois que – ou se – consigam nos tirar da beira do abismo. Afinal, eles nem mesmo têm jogado tantas partidas assim para, em meio a um campeonato, com o seu clube em dificuldades terríveis, se preocupar mais com reivindicações pessoais do que com as do seu empregador. Se for para fazer algum movimento, que o seja jogando, e bem, visando a salvação do ano para o clube, e não a da própria pele, até porque uma queda afetará os seus históricos.