Não é [mais] hora de criticar

Se você não percebeu bem antes que o elenco que foi montado por Felipe Ximenes, este ano, iria nos rebaixar, agora não adianta protestar.

Se você foi um dos que saiu em defesa de Vanderlei, Chico, Robinho, Botinelli, Urso, Bill, Júlio César, agora não adianta mais dizer que eles não servem para o Coritiba.

Se você, em algum momento escreveu, em algum lugar, uma estupidez tipo "1985-2013", ou "#eu acredito", você não tem DIREITO algum de reclamar agora.

A hora de criticar já passou. Tudo o que está acontecendo era perfeitamente previsível. E não, eu não tento, com essas palavras, me colocar acima de ninguém, nem me isentar de culpa. Porque eu também me permiti sonhar que, neste ano, mesmo com esse elenco medíocre, não seríamos rebaixados. Meu coração também está sangrando, triste, com suas feridas reabertas, e expostas.

Fiz questão de me enganar, e, como sempre, paguei adiantada a minha anuidade de sócio, mesmo sem poder ir aos jogos. Fingi pra mim mesmo que tinha esperanças, e saí de casa, em direção ao Maracanã, nas duas vezes em que o Coxa jogou aqui, para ir estender a faixa do Consulado e esperar que meu time ao menos lutasse. Banquei o tolo,  e estendi na varanda de casa uma enorme bandeira do Coritiba, para que os vizinhos flamenguistas (e botafoguenses, e vascaínos) pudessem dirigir suas agressões e gozações.

Mas o Coxa, do jeito que eu o tinha na minha mente, não existe mais. Já vi muitos times ruins do Coritiba. Mas tão sem vontade assim, tão covarde, tão sem brio, nunca. Fico estupefato com a total falta de vontade do time, a passividade dos jogadores, a falta de um mínimo de esmero nos passes e nas finalizações.

E o novo treinador, ainda que não tenha tido um tempo sequer mínimo para analisar a situação, provou que não acompanhava NADA do Coritiba, ao escalar quase o mesmo time que não queria mais jogar. E já começou afrontando a torcida, ao escalar Marcos Paulo como titular, esse jogador medíocre e símbolo de um dos nossos maiores fracassos. E provou ser incapaz de ousar, ao montar um esquema tático em que os laterais mal passavam do meio de campo, onde o pavoroso Chico teve que, por vezes, fazer o papel de armador (!) da equipe.

Nunca joguei a toalha pelo Coritba. Sempre me apeguei em qualquer esperança, por menor que ela fosse. Com o perdão da pretensão, tentei cuidar dele. Mas, desta feita, tudo isso de nada adiantou. O que já era esperado está acontecendo. Estamos voltando para a segunda divisão, onde talvez seja o nosso verdadeiro lugar.

Pois um clube que se permite repetir ciclos tenebrosos, onde dirigentes aparecem como salvadores e desaparecem como covardes, deixando-nos apenas sofrimento e humilhação, onde torcedores se deixam levar por conversas de diretores e fecham os olhos, de propósito, para as mazelas do elenco, e aplaudem jogadores medíocres, um clube desses nunca será grande, nunca merecerá estar na elite do futebol, sempre irá viver de "quases", de recordes inúteis, de lembranças do passado, de estrelas de prata, enfim..

Não, a hora não é de criticar. Pois é tarde demais. A hora, agora, é de chorar lágrimas de tristeza e de sangue, mais uma vez.