terça-feira, 8 de outubro de 2013

Nosso aniversário.


Por: Felipe Rauen

Aos torcedores, jogadores e direção.

Amigos, estamos passando por um dos momentos mais difíceis da história do Coritiba. Sei que houve piores, como em parte dos anos 1990 e no vexame de 2009, mas a situação que atualmente enfrentamos é de muita gravidade, pois sucede um período em que tivemos grandes esperanças de nos tornarmos de uma vez por todas um clube reconhecidamente forte no cenário nacional, dele um dia podendo dar um passo para o internacional. Mas em que pese o início alvissareiro de 2010/2011, tudo o que até ali foi construído poderá ter sido em vão se terminarmos este ano fracassados.

Temos convergências e divergências quanto a atitudes da direção, de jogadores e até de grupos de torcedores. Quase tudo nos divide e pouco nos une. A desunião é irmã das crises.

Direção que promoveu o desmanche parcial dela própria e do elenco, com contratações equivocadas. Jogadores tecnicamente fracos ou que não se doam. Grupos de torcedores que permaneceram estranhamente inertes. E formadores de opinião com os olhos fechados para a realidade e vendo sempre o céu azul embora as nuvens que se formavam. Todos têm uma parcela de responsabilidade, por menor que seja a de cada um, para a fase em que vivemos. Eu me incluo (não entre os de olhos fechados), pois talvez nem sempre tenha lançado a opinião correta aos que me distinguem com leitura dos meus textos.

Pois bem, sábado completaremos cento e quatro (104) anos de uma gloriosa História, durante a qual tivemos mais satisfações do que decepções. O passado de glórias não poderá ser apagado se um fracasso ocorrer neste ano. Mas será obscurecido e enodoado, sem dúvida. E teremos que recomeçar o crescimento de um clube que se tinha como refundado após a humilhação que nos auto-infligimos em 2009. Penso que, diante das circunstâncias do cenário de momento do futebol brasileiro e da desilusão que sofreremos, será bem mais difícil a reconstrução após um novo rebaixamento do que a que foi a iniciada e tentada partir daquele ano.

Diante deste quadro, quero propor aos amigos, mas só vejo possibilidade de sucesso desde que com participação ativa da direção e dos jogadores, se até eles estas palavras chegarem, um pacto de união e dedicação visando à salvação do ano com a manutenção do clube na primeira divisão do campeonato brasileiro. Vamos deixar de falar por algum tempo sobre o que de errado aconteceu nestes dois últimos anos, erros que variam conforme a ótica de cada um de nós, embora não devam ser esquecidos, pois com eles todos nós devemos aprender. 

À torcida, especialmente a que tanto colaborou ao ponto de sermos um dos clubes dentre os com maiores sócios no Brasil, cabe a parte menos difícil neste contexto. Apoiar o time enquanto houver esperança, deixando para mostrar repúdio somente se com todo o esforço dela, a direção e os jogadores nos levarem ao caos. Aos formadores de opinião (ou aos pensam sê-lo), cabe também incentivar, mas com olhos abertos para a realidade. Palavras positivas sem base crítica e sem os pés no chão têm pouco efeito, mais servem para iludir tal como já se iludiu a alguns.

À direção competem providências talvez mais difíceis. Não há mais tempo e nem dinheiro para contratações milagrosas e nem para consertar alguns – ou vários - erros. Mas além de um discurso interno forte, motivador e de cobrança em todas as áreas, cabe à direção praticar ações concretas – comando de vestiário, disciplina, colocação em dia de pagamentos, se é que não o estão, e outras que só quem está dentro da poeira sabe distinguir - visando a fazer com que atletas que parecem descomprometidos se engajem na luta e sintam que a desgraça do clube será a desgraça deles. Se o Coritiba fracassar, a mancha ficará na nossa história, mas não pensem aqueles que se livrarão do ônus.

E aos atletas, parece-me que a colaboração e é a mais importante neste contexto. Aos jogadores menos qualificados – e cada um deve saber dos seus limites – que tratem de doar esforço e dedicação para superar a inferioridade técnica. Aos poucos craques, em especial os que estiveram ou estão afastados em tratamento e em vias de voltar, toda a dedicação, técnica e exemplo, mesmo que com algum sacrifício. E dos que têm espírito de liderança – não saberia dizer quais são, mas neste momento me vem à mente a falta que faz um Pereira – espera-se comando e chamamento dos colegas à luta. Se eventualmente o clube não estiver alcançando toda a contribuição financeira a que se comprometeu – especulo, não afirmo – nem por isso vocês têm o direito de se omitir. Se a especulação tiver fundamento, vocês pensam que não ajudando o clube a se reerguer a parte financeira poderá ser assegurada? Que tal se vocês trabalhassem em uma fábrica, cujos lucros vêm da venda dos seus produtos e, por dificuldades de mercado decorrente da defasagem do que fabricam o empregador não pudesse honrar os compromissos trabalhistas? Vocês cruzariam os braços ou se mostrariam desinteressados (o patrão que ache dinheiro), ou se esforçariam para que melhores produtos fossem fabricados de modo a que as vendas voltassem a crescer e pudessem estabilizar as finanças do empregador e, como consequência, os salários voltassem a ser pagos em dia? É a mesma coisa em um clube de futebol. Se não tem sucesso, não tem lucro. Se não tem lucro, não pode pagar bem ou em dia aos seus colaboradores. O fracasso do Coritiba será o fracasso de todos. Não pensem que algum jogador se livrará da mancha de um novo rebaixamento, por mais idolatrado e incensado que seja.

Enfim, por melhor que aja a torcida, sua participação será insuficiente se o mesmo espírito de luta e tomada de providências não envolver a direção e os atletas. Alcançar a manutenção do clube na primeira divisão não irá consagrar ninguém, pois é o mínimo que se espera. Mas será certamente um alívio, não manchará a história de ninguém e talvez possa ser ponto de partida para um recomeçar positivo.

E esta semana é propícia para começar essa mudança, pois é a do nosso aniversário, com um dos jogos exatamente na mesma data.

Por favor, deem-nos um bom presente de aniversário com duas vitórias nesta semana, como modo de mostrar o começo da reabilitação. Se a direção e jogadores quiserem, podem. E nós merecemos.


12 comentários:

  1. Concordo com td a coluna. Vou a todos os jogos e procuro apoiar sempre , mas quando nao vejo esforço daqueles em campo e desanimador

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  2. O Dr. Rauen, como sempre, foi muito feliz no seu texto, do qual parabenizo. Da minha parte, estou mais do que mobilizado para apoiar o time na luta pela permanência no grupo de elite. Não admito, neste ponto sou intransigente, que o Clube do meu coração seja objeto de chacota e de zombarias. No que concerne a maioria dos torcedores, não antevejo maiores dificuldades na adesão do pacto. Tenho receio quanto a "participação ativa da direção e dos jogadores", embora destes espero menos dificuldades. A direção é que me causa preocupação, devido a notória soberba e arrogância que norteia os seus atos. No entanto, sempre alimento a saudável expectativa de que o mandatário máximo consiga rever seus conceitos e cumpra a sua parte, incentivando e apoiando os jogadores na luta contra o rebaixamento.

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  3. São apenas mais 60 dias de dedicação, mais 12 jogos, e depois ferias pra todos os jogadores, e aqueles que acham que o Coritiba é muito pequeno para eles jogarem, poderão sair a sensação de dever cumprido, desde que nos tirem desta enrascada que nos meteram.
    Juliano - Gpuava -Pr

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  4. Perfeito Rauen! Não há outra opção senão a vitória na quarta-feira. Quero ver um time brigador e que corra em campo, pois qual outra profissão que paga estes aburdos salários?! Raça é o mínimo que se espera.

    SAV,
    Victor

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  5. Desde a derrota p/ o Vasco aqui, eu tenho postado registros clamando a necessidade de um pacto entre diretoria, comissão técnica e elenco. Da parte da torcida não tem o q reclamar. A torcida e os sócios do Coxa ñ necessitam de nenhum apelo. O problema do Coxa é interno. Quem deve resolver isto são eles. Nós estamos vendo o clube se atolar no brejo. Todas as boas perspectivas estão mudando do vinho p/ a água. Uma pena. Me sinto lesado no que diz respeito às expectativas. Minha anuidade está quitada até jul/14. Concluo que o Coxa é uma opção complicada. Tem tudo p/ ser grande. Mas não é. Tem estádio, tem torcida e tem time. Não sabe conduzir a liderança de uma competição. Amarela por fatores alheios. O recado do elenco foi dado na vitória sobre o grêmio lá na casa deles. Viu-se isto no vestiário. Depois, só decepção. A diretoria está devendo algo que dali. A encrenca interna vem dali. O futuro promissor do Coxa, no tocante ao futebol, que é seu produto, depende do cumprimento dos acordos internos. A impressão que se tem nos últimos 20 anos é de que o Coxa não tem boa fama p/ honrar os compromissos p/ com o elenco. Por isso o Coxa vive neste vai e vem. Sobe e desce .. Atua como coadjuvante, qdo não, como figurante. Isto precisa mudar. Espero que

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  6. http://esportes.r7.com/blogs/cosme-rimoli
    Credence

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  7. Prezado Felipe: Texto irretocável! Como diria o professor Raimundo " Eu queria ter um filho assim "!
    Que bom se desse para comparar, trabalhadores de uma fábrica, interessados na melhoria da produção, para conseguir, receber seus salários, com jogadores descompromissados, que bem ou mal, alguma coisa estão recebendo pois, normalmente o clube, só fica devendo o tal do direito de imagem, que para burlar o fisco, sempre é a maior parte, em torno de 80%. Mas, para quem ganha 100 mil, 20% já é um baita salário, comparando com
    a média de qualquer categoria.
    Para variar, espero estar errado, acho que apenas nós, torcedores, faremos a nossa parte, apoiando o time, até o
    último minuto, do último jogo, pois não somos mercenários, não fazemos politicagem, para ganhar um crachá de
    conselheiro, ou coisa que o valha, somos apenas apaixonados.
    Abraço

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  8. Ótima coluna Dr. Rauen.
    Parabéns mesmo. Existe inteligência na internet.

    João Paulo - Curitiba

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  9. Caro Rauen,
    parabéns pelo texto e pela sensatez (palavra banalizada, eu sei), é o que resta a ser tenatdo fazer para salvar o ano. Não sei se a prática ainda persiste, mas acho que uma decisão que poderia ter efeito prático seria a volta da concentração nos jogos em casa. Eu acho que uma das razões do time entrar desligado em campo é por falta de imersão e dedicação ao jogo, dentre outros fatores.
    SAV!

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  10. Gostei... do texo.
    Confesso que estou meio que desanimado para escrever, algo que valha a pena ser lido.

    Ismacoxa

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  11. Caracas...
    Gostei... do texto.

    Ismacoxa

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  12. Caro Rauen:Começo a ter alguma esperança que alguns bons ventos voltem a soprar no Alto da Glória,hoje cedo ví a notícia que o Leandro Almeida e o Alex jogarão,são lesionados retornando.Bem como vi a declaração do Willian e de Leandro Almeida,a respeito de que farão o possível para que as vitórias possam retornar.Ao menos já estamos vendo algum jogador,falando em vontade e vitória.Pode ser um começo,e com os sinceros votos que a partir de hoje os bons ventos comecem a retornar ao Alto da Glória.Cordiais saudações alvi-verdes.Luíza.

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